sexta-feira, 25 de junho de 2010

Maranhão: os amigos, os arraiais e a comida são ótimos


Os amigos tornam o Maranhão ainda mais agradável do que  já é. Eder foi muito gentil em nos levar ao arraial numa noite, na outra tivemos a boa companhia de Arlene e de Caldas. 
A combinação de bons amigos e boa comida é imbatível. No dia da chegada almoçamos na Cabana do Sol com Lucilene, Jamile e Tiana.
No dia seguinte, com Flávia e Lucilene, fomos ao Maracangalha (Rua Mearim, s/n, Qd 3, Lote 120, Calhau, São Luís. (98) 3235-9305). Uma comida regional semelhante à que havíamos comido na véspera na Cabana do Sol, porém mais elaborada e com opções algo mais sofisticadas. Comemos um Camarão à Maracangalha (camarão num molho de queijo servido num abacaxi aberto), um Risoto de Camarão e uma anchova grelhada. Todos excelentes e com grandes acompanhamentos, incluindo o arroz de cuxá. As porções são de tamanho amazônico.
À noite, fomos para o aniversário de Flávia, onde descobrimos que o “Parabéns pra você” é diferente no Maranhão:

“Parabéns para você nesta data querida,
muitas felicidades 
muitos anos de vida.
Hoje é dia de festa
para alegrar nossas almas,
Flávia faz anos
Uma salva de palmas.”
Depois do aniversário, ainda fomos de novo ao arraial. Arlene nos deu muitas explicações sobre os bois e seus sotaques, mas não me sinto em condições de explicar muito sobre isto. De todo modo, ao ouvir mais bois de sotaque de matraca e de sotaque de orquestra não tenho mais dúvida sobre a minha preferência: sotaque de matraca. 

Lençóis maranhenses e Rio Preguiça


Após os dias de trabalho em São Luís fomos para Barreirinhas, visitar os Lençóis Maranhenses.  Os passeios nos Lençóis são dos melhores que já fizemos. Como a estadia foi curta, tivemos oportunidade de ver algumas lagoas dos Lençóis e o Rio Preguiça.
O Parque dos Lençóis tem uma extensão imensa (equivalente à área da cidade de São Paulo) e é uma combinação muito interessante de extenso areal, desértico, com lagoas de água doce. Nunca havia visto nada igual. O passeio deve ser feito nos meses de junho e julho, estação das chuvas, quando as lagoas estão com água. Após as chuvas, vão secando progressivamente. 
No parque propriamente dito, não há nada comercial. Assim é bom levar água, alguma fruta se for ficar o dia todo e toalhas para se secar após o banho nas lagoas. Ítens obrigatórios são o protetor solar e o repelente de insetos, para ficar até o por do sol. Também é bom não exagerar no peso, lembre que terá que transportar estes itens durante a caminhada no areal, uma mochila é uma boa opção para ter as mãos livres para fotos.
Para chegar até a área das lagoas já nos deparamos com uma trilha de aventura, só possível com automóveis bastante altos e potentes (fomos numa Hylux, dirigida por Pegasus, mas a maioria do transporte é feita com Bandeirantes). A primeira etapa é cruzar o Rio Preguiça numa balsa para um único veículo e “empurrada” por uma lancha - a Travessia Segura. Na outra margem, uma estrada de areia intercalada com lamaçais e trechos inundados nesta época.
As paisagens são muito bonitas e o banho nas lagoas, de água doce, é muito bom.
Logo na chegada ao parar para tomar informações sobre como chegar no hotel, fomos adotados por Dico. Grande empreendedor turístico free lancer. Nos conseguiu bons preços nos passeios. Enquanto almoçávamos, já voltou com a Hylux dirigida por Pegasus para mostrar qual o carro que nos levaria e nos apresentou ao nosso guia turístico, Denis, um rapaz de 15 anos, que foi uma excelente companhia. Dava as informações necessárias, mas não falava demais e estava sempre pronto para ajudar.
O nosso bonus track de estar em Barreirinhas na véspera de São João foi ir até o Arraial da Boa Vista. Um São João de toda la vida. Uma área extensa, sem calçamento, e em volta de uma área central demarcada por cordas, onde se apresentavam as quadrilhas, várias barracas vendendo comidas típicas e bebidas. A quantidade de crianças era muito grande. Numa das pausas, quando muitas foram para a área de dança, o animador se assustou: “Arre quanto menino, deste jeito Lula não agüenta” numa referencia ao Bolsa Família. 

No dia seguinte, saímos cedo para o passeio no Rio Preguiça. Para acomodar o passeio na nossa necessidade de viajar de volta a São Luís, contratamos uma voadeira. Neste caso, Dico nos conseguiu a voadeira pilotada por outra grande figura, Zezinho. O passeio pelo rio é também muito bom. Uma extensa área de manguezal nas duas margens do rio, com vistas variadas e muitos pássaros e macacos (há uma pequena entrada no Igarapé do Jacaré, mas parece que hoje resta só o nome do animal). A parada em Mandacaru permite subida no Farol (dispensamos os muitos degraus, naquele calor abafado, embora a vista deva ser excepcional) e logo depois uma outra parada em Caboré. Uma localidade de filme, areal com uma das margens no rio e a outra no mar. Entre as duas margens, algumas casas já parcialmente soterradas pela areia.
No retorno, paramos para comer numa barraca na margem do rio. Ficamos na barraca dos pilotos, e não na dos turistas, e pedimos um robalo e um peixe serra assados.  Enquanto esperávamos o nosso peixe, fomos convidados para provar o caldo de peixe dos pilotos, a ser comido com a farinha d’água e pimenta murici. Excelente almoço, nada como um peixe bem fresco preparado na hora.
Em Barreirinhas, ficamos no Hotel Pousada do Buriti. Um quarto bem amplo, com ar condicionado e bom banheiro. Almoçamos lá mesmo para ganhar tempo e sair cedo para o passeio. Comida acima da média de uma pousada: Camarões em molho de cajá e uma pescada amarela empanada em farinha de castanha de caju.

Acima a turma de Barreirinhas: Dico, Marilda, Aldina, Zezinho e Denis.
Faltou uma foto boa com Pegasus, só tenho a que vai abaixo dele com Dico com uma pequena propaganda do carro.

Fomos para Barreirinhas com um carro alugado e os amigos maranhenses haviam nos avisado que a estrada estava em boas condições. O trajeto de São Luís a Barreirinhas tem cerca de 270 km, dos quais 60 não estão bons, mas os outros realmente estão com asfalto novo. No volta nos deparamos com jegues e vacas na pista, em diferentes pontos do trajeto, com um total de 6 animais. Entendemos, então, o alerta dos amigos de São Luís e reforçado pelo pessoal de Barreirinhas sobre o risco de animais. 


Maranhão: problemas com reservas

Não esqueçam de levar todos os comprovantes de reserva quando viajarem ao Maranhão. A nossa experiência desta vez foi uma goleada de problemas. Havíamos reservado o Holiday In de São Luís, o nosso nome não constava da reserva. Como possuíamos comprovante impresso, acabaram nos acomodando. No dia seguinte chegou Marilda para o mesmo hotel e enfrentou o mesmo problema. Já a havíamos alertado, e com a cópia da reserva tudo se acertou. 
No dia seguinte à nossa chegada, fomos até o aeroporto pegar o carro reservado na Hertz. A atendente impávida: -Não temos carro. Não adiantou mostrar que tínhamos feito a reserva há mais de um mês. Após insistir ela olhou no sistema e viu a nossa reserva. Com absoluta tranquilidade: -Enviamos um e-mail cancelando a reserva. Nunca recebemos esta e-mensagem. Será mesmo que foi enviada??? Desta não conseguimos sair. Como não havia carros, ficamos sem opção. As outras locadoras também não tinham nada. Ou melhor uma delas, tinha uma Kombi ou uma Dobló, SEM ar condicionado. Com ar condicionado, já seria difícil pegar um destes dois modelos para ir até os Lençois. Sem ar, impossível. 
Após três falhas nas reservas, pensamos que a quota desta viagem estava esgotada, mas nos enganamos. Em Barreirinhas no dia seguinte, não encontravam a reserva. Desta vez, porém, o problema não era propriamente na reserva. Haviam anotado o nome erroneamente, embora tivessem recebido por fax a confirmação do depósito no qual constava o nome de forma bastante clara. Bem…. Tudo se resolveu, afinal os maranhenses são gentis e possuem uma paciência infinita.
Acho que o órgão de turismo do Maranhão precisa promover um curso “Reservas 101” urgentemente. Ressalto que o problema ocorreu mesmo com empresas internacionais (Holiday In e Hertz).
Ao final tudo se resolveu. O hotel nos indicou uma locadora local (InterLocar; Centro Comercial Amsterdã, SL.4; Tel 98 8805.1005). André Azevedo nos atendeu bem e nos conseguiu um automóvel com ar condicionado. 

terça-feira, 22 de junho de 2010

São João em São Luiz


O título não é por engano. A festa de São João em São Luiz do Maranhão é bem diferente da festa nordestina desta época. Vir a trabalho em São Luiz nesta época é uma boa combinação de seriedade e divertimento.
O almoço foi na Cabana do Sol, com uma excelente comida. A combinação de pasteis (pequenos) de carne com geleia de pimenta fica ótima. Comi um peixe na chapa excelente, preparo simples num material de excelente qualidade. Há uma quantidade respeitável de acompanhamentos já incluídos, dos quais o arroz de cuxá chamava a atenção. As porções são mais que abundantes, diria exageradas em tamanho. Impossível ir sozinho, mesmo uma meia porção deve alimentar duas pessoas.  
Até aí, nada de São João, mas a festa ocorre à noite. A programação é séria. São vários arraiás espalhados em vários pontos da cidade. Em cada um destes pontos, se apresentam vários grupos, a maioria denominada de bois. Cada um permanece por quase uma hora e segue para se apresentar em outro lugar. Para completar: as festas costumam começar no dia de Santo Antonio (13/junho) e vão até o dia de São Marçal (no dia 30/junho). Este ano a festa começou no dia 11.06 e irá até o dia 04.07. O programa é tão intenso que é distribuído um livrinho.
Aprendi que há três sotaques dos bois: Sotaque de matraca, sotaque de zabumba e sotaque de orquestra. Isto, contudo, e apenas o começo. Um dos bois que mais gostei, por ser bem de raízes, o Boi de Pindaré é conhecido como de sotaque de Baixada. Além dos Bois, ainda há vários outros estilos: Danças Portuguesas, Tambor de Crioula, Dança de Boiadeiro, Cacuriá etc. Tem até quadrilha (embora não saiba se é parecida com a quadrilha do nordeste, pois não vi as daqui). Se conseguir aprender um pouco mais sobre estas manifestações, postarei de novo.